A Semiótica

junho 25, 2009

A semiótica estuda fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos. Objeta qualquer sistema sígnico (artes visuais, música, fotografia, etc.), não só verbais (como a lingüística) e busca estudar como o homem significa tudo o que o rodeia.

Tal estudo possui diversas vertentes e abordagens, mas em nosso estudo, utilizaremos a ramificação norte americana, baseada na obra de Charles Sanders Peirce e a européia, nas quais se destacam Roland Barthes, Greimass e Morris.

A tríade de Peirce é tão completa que a utilizamos para analisar todos os blogs tratados no trabalho. O nosso olhar analítico seguiu sempre a primeiridade, a secundidade e a terceridade. Para que se possa entender essa nossa análise criamos um exemplo prático, no qual a primeiridade corresponderia a primeira sensação que se tem ao acordar em um lugar desconhecido, você acaba de abrir seus olhos, nada parece muito claro e não é possível tirar nenhuma conclusão. A secundidade acontece a partir do momento em que você nota que estava dormindo e que está em um lugar estranho. Quando você entende que esse lugar não é o seu quarto e porque você está lá, tem-se a terceiridade.

Na nossa análise semiótica geral de blogs de cinema percebemos que a primeiridade acontece quando as luzes do monitor atingem nossos olhos, a secundidade quando entendemos que abrimos uma página na internet, e a terceiridade quando analisamos seus signos como integrantes de um blog do gênero.

Blog do Bonequinho- O Globo

junho 25, 2009

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Esse blog tem como foco tratar da produção cinematográfica contemporânea, enfatizando o aspecto crítico, tratando dos filmes que estão atualmente no circuito comercial.

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O banner traz o clássico bonequinho utilizado pela crítica do jornal O Globo. Sua função é qualificar filmes em 5 categorias. O bonequinho é um índice pois as expressões do bonequinho nos trazem um significado a partir da nossa herança. E um símbolo, pois possui uma associação de idéias no contexto de blog que nos remete a um significado externo (expectador de cinema julgando o filme).  

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A propaganda é bastante presente no blog. Explicitamente apenas o banner padrão da página do Jornal o Globo, e uma propagando antes do inicio dos vídeos que são hospedados no próprio servidor da Globo. Mas, pode-se perceber, a partir da leitura dos posts, uma forte e freqüente tendência de elogiar e enaltecer filmes vinculados à Globo, como no filme “Mulher Invisível”, no qual os blogueiros prevêem um sucesso de público do filmes, mesmo antes de ser lançado.

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O celular destacado na parte superior da página é um ícone pois possui semelhança com o seu referente (aparelho celular) e um símbolo, a medida que nos remete a uma associação interativa entre o blog e o celular.

O envelope é um símbolo pois dentro do contexto do blog remete á idéia de comunicação entre o blog e o e-mail do usuário. No entanto não pode ser considerado um ícone, pois nesse caso não foi utilizada uma representação gráfica se associe diretamente com e-mail, como no caso do celular. Para criar um efeito icônico semelhante ao obtido no caso do celular, o envelope poderia ser trocado por um “@”.

Blog Ilustrada no Cinema

junho 25, 2009

Folha

O objetivo central do blog é cobrir a produção cinematográfica contemporânea. No entanto também são escritos posts sobre filmes fora de cartaz que marcaram a história do Cinema. O blog é uma extensão da cobertura cinematográfica da Folha de S. Paulo, por Leonardo Cruz e Bruno Yutaka Saito, Cássio Starling e Carlos e Sérgio Rizzo. Mas qualquer jornalista do caderno tem liberdade de escrever.

Banner Folha

 ‘Um índice é a representação de um todo a partir de experiência ou herança cultural’, segundo Lucia Santaella em seu livro ‘Teoria Geral dos Signos’. Tendo em vista isso, o banner é um índice do tipo de cinema retratado pelo blog. As imagens dos filmes em miniatura revelam que o blog trata de um cinema clássico, contemporâneo e intelectualizado.

 Imagem Folha

Todo post tem no mínimo uma imagem vinculada ao texto e eventualmente um vídeo, retirado do Youtube. Segundo Barthes, o texto passa a ser refém da imagem, mesmo que ela seja opcional.

 Propagandas Folha

Em destaque, temos a coluna publicitária com livros publicados pela Folha. Os temas dos livros convergem com os temas dos posts do blog. Assim, o texto é refém da publicidade, pois não pode criticar negativamente filmes analisados nos livros vendidos no próprio site. Na parte superior, um banner que traz apenas propagandas de livros, mais um indicador de que o site está atrelado à Publifolha.

Blog Cinéfilos

junho 25, 2009

Cinéfilos

O Blog Cinéfilos não chega a ser tão reconhecido pelo público por se tratar de um projeto independente. Diferentemente dos outros dois analisados anteriormente, não há uma preocupação com publicidade, e portanto, descarta-se a teoria de Barthes citada há pouco, relacionada ao Paradoxo Fotográfico.

A finalidade do Cinéfilos é apresentar ao público resenhas de filmes, dando-as um valor qualitativo, ou seja, há sempre uma classificação boa ou ruim do filme, que se dá através de alguns símbolos que analisaremos mais tarde. As críticas são feitas pelos colaboradores do blog e também pelos próprios leitores.

Aliás, a atuação destes é nosso primeiro objeto de estudo aqui.

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Em uma coluna ao lado do site, há uma apresentação dos colaboradores, não por meio de fotos, mas sim por meio de desenhos. Não se pode classificá-los em ícone, pois não há uma relação direta entre o desenho e seu verdadeiro significado, ora, não seria possível que um ‘jedi’ tecesse comentários em um blog, somente porque há um desenho de tal personagem ali.

Já o denominado ‘leitor’, devido a sua posição na figura, é um índice do que é leitor: ele se encontra de costas para quem o ê, com o rosto virado para a tela, da mesma forma que qualquer internauta faria ao ler um site na Internet.

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Falemos agora dos objetos que classificam os filmes no blog. Através de um processo semiótico, chegou-se à conclusão de que as estrelas, localizadas no canto da tela, são os responsáveis por isto. Se, aqui, aplicarmos a  Concepção Triádica de Peirce, podemos dizer o seguinte: a primeiridade ocorre quando nos deparamos com a imagem, uma forma amarelada, um conjunto de pixels. A secundidade nos permitiria entender que aquilo se tratava de um desenho de uma estrela, de cinco pontas. Já a terceiridade, que tem caráter interpretativo, nos possibilitaria uma reflexão acerca daquilo, a partir de uma herança cultural: tais estrelas, primeiramente, são símbolos, pois não têm uma relação direta com seu significado também, mas sua interpretação se dará a partir de suas qualidades adquiridas na sociedade, a partir de convenção ou lei. O símbolo estrela pode conotar o astro luminoso que fica no céu, atores bem sucedidos de cinema, teatro, ou música, mas também pode conotar qualidade: sabemos que um hotel 5 estrelas é um hotel luxuoso! Portanto, uma vez inserido em um blog de cinema, podemos dizer que a estrela conota este último sentido, pois, ao clicar em duas estrelas, aparecem todos os filmes com essa classificação, digamos, razoável.

Agora, observaremos a seção de arquivos do site. Antes de explicitá-la, explicaremos a análise semiótica feita para que se pudesse alcançar tal conclusão.

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Aqui, usaremos a semiótica do ponto de vista de Morris e Greimas, que acreditam que um processo sígnico pode ocorrer em três níveis: sintático, semântico e pragmático. Utilizaremos apenas o primeiro e o último. Deslizamos o blog até onde vemos as palavras ‘Preto e Branco’. O nível sintático aqui se aplica pois não analisaremos isoladamente os signos ‘Preto’ e depois ‘Branco’, mas sim o significado a partir de uma combinação, ou seja, a partir do modo como essas duas palavras se relacionam formalmente entre si. Cabe também usar o nível pragmático, que é aquele que permite que haja um interpretante de acordo com as relações significantes entre o intérprete e o objeto, ou seja, a partir do significado que o objeto tem para aquele que o interpreta, de acordo com sua cultura, etc.

Quando falamos a expressão ‘preto e branco’, é comum que haja uma associação a coisas antigas: filmes e fotos em preto e branco não são objetos novos. Como tal expressão se encontra em um blog de cinema, logo pensamos em obras feitas antes da década de 60, ou também em algum tipo de arquivo, como é o caso do Cinéfilos, pois ao clicarmos nas datas abaixo de tais palavras, acessaremos o arquivo de posts do blog.

Blog de Cinema

junho 25, 2009

Blog de Cinema

No Blog de Cinema, de Ronaldo Passarinho, também não há apelo publicitário, e não há também uma classificação explícita das películas, pois não encontramos nenhum objeto que a representasse.

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No topo da tela, próximo ao nome do nosso objeto de observação, há um desenho de um rolo de cinema que interpretamos como um ícone e um índice, de acordo com o ponto de vista peirceano, pois a imagem é um ícone de rolo de cinema por ter uma ligação direta com este, e é índice pois onde há objetos do tipo, há filmes, da mesma forma que onde há pegada, há pessoas ou animais.

A partir de agora, utilizaremos somente a teoria da Mensagem Fotográfica de Roland Barthes.

Barthes acredita que em uma foto de imprensa há processos qu colaboram para a denotação da imagem. Pegamos para analisar, então, a foto do dono do Blog, que se encontra no canto da tela.

Foto

Não há uma trucagem tão impactante na foto a ponto de mudar o sentido dela, ao menos que se queira interpretar que o ator Jack Nicholson (no quando pendurado ao lado de Passarinho na foto), esteja lançando um ‘olhar 43’ ao colaborador do blog, a partir do posicionamento dos mesmos.

A pose nos revela também o nível de formalidade de Ronaldo: se fosse em um site ou blog de cinema escrito e dirigido por cinéfilos de grande nome ou pertencentes a grandes empresas, a pose dos mesmos seria certamente diferente: talvez não houvesse os sorrisos, nem de Passarinho nem de Nicholson.

Lucia Santaella, em seu livro ‘O que é Semiótica?’, da coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense, diz que os objetos numa foto são importantes para seu entendimento. “Se pegarmos uma foto com flores sobre uma mesa, uma lupa e fotografias, podemos associar os pertences a um burguês, senhor de idade, relembrando seus momentos passados”. Aqui, o objeto é o quadro do ator Jack Nicholson, que mostra o tipo de filme a ser resenhado no blog: não se trata de filmes de romance, nem comédias, mas sim de filmes cult com um certo terror psicológico, assim como o filme ‘O Iluminado’, obra da qual fora retirada tal foto do ator, em uma das cenas da película.

A fotogenia, que se trata do ‘embelezamento’ da imagem a partir de efeitos técnicos, aqui se apresenta bem simples, o que também revela algo sobre o objetivo do blog, que é analisar os filmes somente, sem utilizar qualquer tipo de interatividade ou outros artifícios mais complexos, sem um compromisso estético muito grande.

  Cama

Analisando agora as figuras contidas em uma de suas resenhas, podemos citar, novamente neste post, o texto como refém da imagem, pois as fotografias são relacionadas ao filme ‘A Cama que Come’; logo, o autor do texto deve citar algo que tenha uma relação direta com tal filme, senão, a informação ficará sem nexo algum. Se houvesse figuras de outro clássico do gênero, “A Geladeira Diabólica”, o resenha teria que, obrigatoriamente, fazer alguma citação ao filme.

Não pudemos analisar se a existência ou não do Paradoxo Fotográfico, porque, apesar de se tratar de uma foto de imprensa, pois está em um blog de cinema, a foto não conota uma situação real, ou seja, seu código já está relacionado ao filme.